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Sem Certezas
"A dúvida é o começo da sabedoria."

sexta-feira, outubro 24, 2003

"Passos em Volta" 
E agora um pouco de música!
Letra retirada do album "Bairro do Amor" de Jorge Palma.



PASSOS EM VOLTA

Quando o sol chegou aos subúrbios da cidade
Anunciando mais um dia igual aos outros
Ele acordou e pressentiu
Que hoje o seu dia ia ser diferente
Sentiu nos lábios o sabor
Dum sorriso finalmente triunfante
Escorregou da cama
E contemplou o espelho sorridente

Acabou-se a incerteza dos seus passos em volta
De um sentido que ele nunca encontrou
Pela primeira vez tinha o destino nas mãos
Desta vez ele não duvidou

Sentiu-se invadir por uma estranha lucidez
Que o conduzia pelas calhas do passado
Serenamente descobriu
Que afinal tudo tinha o seu sentido
Levou o olhar á janela
Lá em baixo a rua estava abandonada
Levantou o fecho
E de repente alcançou a liberdade

Acabou-se a angústia dos seus passos em volta
Dum amor com que ele apenas sonhou
Pela primeira vez tinha o futuro nas mãos
Abriu a janela e voou
# escrito por Sem às 10:14 | Comentários[]

quinta-feira, outubro 23, 2003

"Equador" 
Já muito se escreveu sobre "Equador", o primeiro romance de Miguel Sousa Tavares (MST) e bem sei que já venho atrasado. Mas tenham paciência, já tinha o poste +/- alinhavado desde Setembro, altura em que acabei de o ler e assim aproveito para mudar de assunto.

Quem ainda não leu o livro mas está a pensar nisso e que por essa razão está curioso em ler o comentário mas também está receoso que faça aqui alguma revelação que lhe estrague o prazer de depois ler a história, pode estar descansado e ir até ao fim.



"Equador" ocupou, com alguma pena minha, apenas cinco dos meus dias de férias "grandes". Com pena, pois sou daquelas pessoas que com a perspectiva de chegarem ao final de um bom livro como é o caso deste, experimentam aquele sentimento de irremediável e eminente perda, preferindo normalmente prolongar no tempo os capítulos que faltam, para melhor os saborear, a ceder ao ímpeto de os devorar rapidamente.

Portanto gostei, embora não tenha ficado surpreendido com o facto. Já tinha lido o "Não te deixarei morrer David Crockett", uma compilação de pequenas crónicas, algumas publicadas na revista Máxima, de teor mais intimista, além de ser leitor assíduo das suas análises semanais no jornal Público, nas quais aprecio o estilo leve e escorreito, porém directo e contundente. Isto, mesmo quando estou em total desacordo com a sua opinião a ponto de o insultar.
E esse estilo, embora menos agressivo e mais visual como seria de esperar num romance, reconhece-se imediatamente após as primeiras páginas, que nos prendem inevitavelmente à história.
Não concordo com a comparação feita por algumas pessoas com "Os Maias" ou com a literatura de Eça em geral. Terão semelhanças na capacidade de agarrar o leitor, no género já que ambos escrevem sobre amores, ao mesmo tempo que fazem um retracto mordaz da sociedade, mas o estilo é diferente.
Eça é clássico, tem um completo domínio da Língua Portuguesa e como tal, tem uma escrita mais pensada, mais trabalhada, mais rendilhada.
MST é mais simples e como tal mais escorreito. Mas isto, do meu ponto de vista, é justamente o seu dom e o que o define como escritor. Não cai, como frequentemente se vê, em pretensiosismos estilísticos, nem se deixa enredar em construções sintácticas demasiado complicadas. Filosoficamente, a perfeição encontra-se na simplicidade e não na complexidade.
De qualquer maneira, tem ainda que andar um bocado para poder ser equiparado a Eça.

Regressando ao calhamaço propriamente dito, e como já se conclui pelo anterior exposto, as suas 500 e tal páginas são enganadoras. O livro lê-se num ápice, não só por ser absorvente, mas também porque ao abri-lo, constatamos que o texto possui letras de tamanho agradável e linhas bem espaçadas, permitindo concentrarmo-nos mais na história e menos no esforço visual da leitura.

A história passa-se nos inícios do século XX, altura em que a luta entre monárquicos e republicanos se começava a extremar e que posteriormente viria a culminar com a implantação da república em 1908. Durante o período que antecede esta data, Luís Bernardo Valença, assim se chama a personagem principal, é convocado pelo então Rei D. Carlos, a largar os amigos e a vida de diletante que até então praticava e aceitar o cargo de governador da colónia de S. Tomé e Príncipe, numa missão de importância vital para Império Português Ultramarino - convencer um representante inglês que não existe trabalho escravo na colónia de S. Tomé, impedindo assim o embargo de Inglaterra às exportações de cacau da ilha. Levado pela necessidade de encontrar um sentido na sua vida mais do que pelo amor à pátria ou ao seu rei, aceita.

A reconstrução deste final de época, a vida boémia de Lisboa, o ambiente político, os contrastes desta sociedade cosmopolita com as gentes que vivem nas colónias, os feitores, os escravos negros vindos de Angola, o trabalho duro das roças, tudo é retractado exemplarmente.
A descrição da chegada à ilha, do oceano que a rodeia, das pequenas praias desertas, da vila, das visitas às roças, do óbó, do clima quente e húmido que cola a roupa ao corpo das personagens, faz-nos pensar saber o que é estar lá.
A progressão da história é feita num estilo cinematográfico. À história de Luís e da sua chegada a São Tomé, é feita um interregno, que nos transporta e coloca em plena Índia colonial, com todo o exotismo das mil e uma noites, os sultões, os seus sumptuosos palácios e sensuais haréns, onde iremos acompanhar a ascensão e queda do representante inglês que irá encontrar-se com Luís na ilha São Tomense.

As relações entre as personagens são também muito exploradas, não se tratasse de um romance. O amor, a paixão, a traição, a amizade, estão presentes, dando solidez psicológica às mesmas, ao mesmo tempo que permitem a empatia necessária com elas.
Aliás, é muito fácil gostar ou odiar as personagens e talvez aqui, resida uma pequena crítica a MST, já que se pode dizer que caem em estereótipos bem conhecidos. Por outro lado, os estereótipos existem de facto e não vejo porque se há de censurar demasiado a sua utilização.
O facto de MST ser comentador político, é aproveitado pelo mesmo para emprestar dimensão ideológica às personagens, sendo tal visível nos debates e discussões políticas tidas pelas personagens, onde são evidentes as analogias nas críticas feitas à sociedade do início do século, com as críticas que são feitas à sociedade de hoje.
Pessoalmente penso que a personagem de Luís Bernardo é em alguns aspectos baseada no próprio MST, na imagem que ele terá ou gostaria de ter de si. E não apenas nas ideias, como também na descrição física que faz dela. Olhos castanhos e cabelos típicos de quem se costuma pentear com os dedos da mão, parecem-me semelhanças óbvias. Claro que isto é apenas uma suposição!

Tenho apenas um único senão com a história de "Equador". O final! Não gostei, fiquei algo decepcionado, achei que não fez muito sentido e se poderia ter encontrado uma solução diferente e mais coerente com a psicologia da personagem. Mas mais não digo, leiam, verão que é um livro bem escrito, agradável, cativante, ideal para passar as tardes quentes de umas férias de Verão!
# escrito por Sem às 18:59 | Comentários[]

Quadrante Ideológico 
Aproveitando a boa ideia do The Political Compass, podemos agora falar, não de inclinação ideológica (esquerda/direita), mas de quadrante ideológico (1º/2º/3º/4º).
E é interessante reparar que na avaliação feita ao discurso e acção de conhecidas personalidades mundiais, nenhuma parece cair no 2º quadrante. Ou seja, parece que se descobre aquilo que é uma característica intrínseca da direita - o autoritarismo.

# escrito por Sem às 11:00 | Comentários[]

quarta-feira, outubro 22, 2003

No 3º quadrante 
Para quem pensa nestas histórias da Direita e Esquerda, é interessante fazer o teste do The Political Compass para saber qual o posicionamento que nos atribuem.
A clássica classificação Direita/Esquerda é aperfeiçoada com o intuito de poder fazer-se a distinção entre, por exemplo, uma esquerda tipo Estaline e uma esquerda tipo Gandhi.
O resultado é apresentado num gráfico XY. O eixo dos XX representa a visão economicista e o dos YY a sensibilidade social.
Eu fiquei-me pela seguinte classificação:
  • Economic Left/Right: -5.38 (um bocado exagerado)
  • Libertarian/Authoritarian: -1.85 (...)
Tinha piada ver os resultados de alguns bloguistas mais afectos a comentários de teor político.
Eu já fiz! E você?
# escrito por Sem às 20:12 | Comentários[]

A culpa do meu pessimismo é... 
...deste Blogue. Quando iniciei a escrita este blogue, não fazia intenção de cair no discurso político. Não é assunto que me ocupe grande parte do dia, aliás acontece por vezes passar dias sem ver um noticiário ou ler um jornal - ao fim-de-semana é quase certo - já tendo até por causa disso passado ao lado de alguns acontecimentos marcantes da nossa época.
Mas tento sempre fazer um esforço de recuperação, mesmo para de vez em quando, poder mandar umas "postas" minimamente sustentadas, em nome daquilo que é a minha visão de como o mundo deveria ser.
Mas como tudo na vida, uma coisa são intenções e outras são acções tomadas, ou na versão pessimista, de boas intenções está o inferno cheio e a verdade é que acabei por discursar mais sobre actualidade política do que de outras coisas.
Contribui para isso a leitura diária de blogues de cariz marcadamente político - por qualquer razão inconsciente foram esses os escolhidos para fazer parte da minha ronda bloguistica - que em conjunto com o momento particularmente complexo que se está a viver, inevitavelmente acabaram por me influenciar e levar a escrever sobre esse assunto.
E escrever obriga a pensar, pensar leva a reflectir, reflectir leva a constatar e constatar sobre política, convenhamos, é deprimente! Não há volta a dar e quanto mais se pensa nisso, mais se fica assolado por uma descrença total nas pessoas e na sociedade em geral.
Todos os dias abrimos o jornal ou lemos os diários informativos na Net e apenas descobrimos exemplos de injustiças, de amiguismos, de compadrios, de corporativismos, de desresponsabilização, para esconder incompetência, chico-espertismo, aldrabice, ilegalidade, ganância de dinheiro e poder. E ao vermos este estado de coisas, no que é preciso fazer para o combater e nas pessoas que estão à frente para levar a cabo essa tarefa, é difícil ser-se optimista! Os políticos que lideram a sociedade, que deveriam ser o exemplo a seguir, que deveriam ser os impulsionadores da mudança pois são quem tem poder legítimo para tal, mais não são do que o produto e o espelho dessa sociedade. E se a sociedade revela falta de princípios, também eles o revelam, se é corrupta e frouxa também eles o são.
Azar! Temos aquilo que merecemos!

PS: vejam lá não levem este poste demasiado a sério!
# escrito por Sem às 10:23 | Comentários[]

terça-feira, outubro 21, 2003

Notas pessimistas 
Alguém duvida que a estagnação da economia e o aumento do desemprego, se deveu em parte à campanha de marketing orquestrada pelo actual governo para desacreditar o anterior e que a campanha foi de tal modo bem feita que acabou por afundar o país num pessimismo extremo, sendo este um grande responsável por a crise ter chegado aonde chegou?
Alguém duvida que o governo reconhecendo tal facto, embora obviamente não o admitindo, se vem esforçando para corrigir a asneira lançando sinais de optimismo, mas que tal se tem mostrado infrutífero devido aos sucessivos escândalos que têm assolado o país, como é o caso do da pedofilia?
Alguém dúvida que este governo, porque é estreito de ideias, não está senão à espera que a tão propalada retoma económica a nível mundial e o melhoramento da conjuntura se façam sentir, para depois vir alardear que tudo se deveu à sua grande competência e mão férrea no governo do país nos momentos difíceis?
Alguém duvida que mesmo quando vier essa retoma e o optimismo aumentar, tudo não passará de uma ilusão e este país continuará a não ver reduzida a distância que o separa do resto da Europa?
Alguém duvida que depois quando acabarem as esmolas do Quadro Comunitário de Apoio e do Fundo Coesão, que quando a Europa se alargar a leste, este país se verá numa situação muito mais difícil e desesperada e que incapaz de sobreviver por demérito próprio, não só não recuperará como se distanciará definitivamente do nivel de vida Europeu?
Há alguém que vislumbre um futuro risonho para Portugal?
# escrito por Sem às 13:50 | Comentários[]

segunda-feira, outubro 20, 2003

Nem de propósito 
Sexta-feira, data do meu último poste, a propósito dos processos confidenciais encontrados nos caixotes do lixo do TIC, levanto a questão sobre que garantias existiriam da não utilização das escutas efectuadas aos líderes do PS para fins políticos.
No dia seguinte, com a revelação de mais alguns excertos dessas escutas, vejo respondida cabalmente a minha dúvida.
Dados estes acontecimentos, há alguns pontos que imediatamente merecem ser comentados.

1. Claramente e uma vez mais, o segredo de justiça é apenas uma piada de mau gosto. O governo deveria imediatamente tomar providências, dentro do seu quadro de acção, para que se investigue e descubra a origem destas convenientes fugas de informação com intenções por demais evidentes - o descrédito da liderança do PS e do partido. Por ser tão grave e ao mesmo tempo tão óbvio aos olhos das pessoas a finalidade destes actos, é indecente que continue este governo, mudo, calado, inerte, numa prova de total incapacidade ou conivência, a assobiar para o lado como se não fosse nada com ele. Era altura de tomarem medidas e terminarem com este opróbrio encapotado, mas infelizmente já se sabe que nada será feito. Situações dúbias, pouco claras, impunidade e silêncio, tem sido a marca registada deste governo.

2. A teoria da cabala adiantada pelo PS aquando da prisão de Paulo Pedroso, se na altura pecava por possuir laivos de ridículo, porquanto lembrar teorias fantásticas de conspiração e perseguição, neste momento cada vez mais deixa de o ser para se transformar numa hipótese bem real. E isto, ao contrário do que Marcelo Rebelo de Sousa (MRS) tentou fazer passar para os espectadores no jornal de ontem na TVI, simultaneamente com José Pacheco Pereira (JPP) na SIC, ambos sincronizados no ataque a Ferro Rodrigues. MRS tentando descredibilizar, classificando de ridícula a teoria da cabala e num exercício de pura demagogia vir invocar os grande temas nacionais como não fazendo parte da agenda do PS. JPP, sem surpresa nenhuma diga-se de passagem, a deslocar o debate para a pressão efectuada pelo PS à justiça, para fugir à discussão daquilo que é realmente importante mas que pelos vistos não lhe convém desenvolver, que é a fuga de informação em segredo de justiça para o domínio público, com a finalidade de derrubar o principal líder de oposição ao actual governo. Infelizmente já se desconfiava que a imparcialidade, a igualdade opinativa, o direito à resposta, enfim o serviço público veiculado pelos noticiários de hoje tinham sofrido um rude golpe com a entrada e posterior reprodução destes políticos-comentadores, ainda por cima de uma forma tão desequilibrada.

3. A disponibilidade dos órgãos de comunicação social para servirem de veículo a manobras políticas. É o despojar de princípios éticos, da deontologia que deveria nortear os jornalistas. De facto podem argumentar que é impossível resistir a uma oferta destas. Compreendo que quem assim fala tem como fim as audiências e não o serviço de informar. E porque este fim justifica todo e qualquer meio, a comunicação não tem hesitado em vender-se, em ser usada por terceiros em nome de interesses sinistros e obscuros.

4. Finalmente, as repercussões negativas que estes acontecimentos começam a ter no exterior. Numa altura em que a nossa ministra das Finanças apostou uma cartada forte no investimento estrangeiro, como modo de recuperar a competitividade da nossa economia, estes acontecimentos põem em causa essa aposta. O "Le Point" françês vem à baila com a existência de ministros pedófilos no actual governo, a "Times" inglesa acrescenta que Bragança é o novo "Red Light District" da Europa e agora o "El País" espanhol conclui que Portugal se encontra mergulhado numa grave crise nacional. Uma das grandes dificuldades do nosso país em ter investimento estrangeiro em quantidade e qualidade, sempre foi a sua má imagem. Depois de tudo isto, nem me atrevo a imaginar o quão escabrosa não será agora essa imagem e nas repercussões nocivas que não terá para o futuro do país.
# escrito por Sem às 16:00 | Comentários[]

sexta-feira, outubro 17, 2003

Toma lá que é para aprenderes! 
São as pequenas coisas, como a que aconteceu ontem à porta do Tribunal de Instrução Criminal (TIC), que afastam irremediavelmente o cidadão da relação mínima de confiança que deveria ter com os organismos de estado.
Não é que enquanto os jornalistas aguardavam notícias sobre a audição a Hugo Marçal, descobriram nos caixotes do lixo do tribunal, processos contendo informação que deveria ser confidencial. Não nos faz isto crer na incompetência, na ignorância e na irresponsabilidade do "deixa andar" de toda a estrutura hierárquica, desde o mais alto responsável até ao mais baixo funcionário? Ninguém sabia? Ninguém quis saber!
E passar deste caso para outros similares é apenas um pequeno passo. Alguém pode levar a mal, pôr-se a hipótese, por exemplo, no caso das escutas telefónicas efectuadas aos dirigentes do PS, as gravações não terem sido tratadas com a mesma insensatez ficando assim ao alcançe de quem nelas puder tirar proveito? É curioso porque discuti na altura com um colega meu essa mesma situação. Colocava ele, a mesma dúvida. Na minha inocência e optimismo, limitei-me a dizer-lhe que temos que acreditar na justiça e na responsabilidade dos seus intervenientes.
Pois é! Toma lá que é para aprenderes!
# escrito por Sem às 16:02 | Comentários[]

quinta-feira, outubro 16, 2003

Orçamento de Estado 2004 
Manuela Ferreira Leite (MFL) entregou ontem na Assembleia da República o Orçamento de Estado (OE) para 2004. Para continuar a manter o défice orçamental abaixo dos três por cento impostos por Bruxelas, a solução apresentada para o próximo ano foi arranjar mais receitas extraordinárias.
Fantástico! É uma medida de tal modo inteligente, de tal modo brilhante, que a mim, o comum dos mortais, nunca me ocorreria.
Deve ser por isso que não dei em ministro!
# escrito por Sem às 12:16 | Comentários[]

segunda-feira, outubro 13, 2003

Assim não vão lá! 
Enquanto a forma de fazer política do PS, for aquela que uma vez mais tivemos a oportunidade de testemunhar este fim-se-semana, é caso para dizer que assim não vão longe. Esta sucessão de acontecimentos começam a parecer cenas de um qualquer episódio do Big Brother ou Masterplan. Primeiro a "expulsão" de Paulo Pedroso do Estabelecimento Prisional de Lisboa, no qual conseguiram montar um triste espectáculo, depois Ana Gomes que resolve vir à ribalta num tom e modo que em nada abonam a sua imagem ou a do partido a que pertence.
E mais confusão faz ver que vem de alguém que devia saber melhor. Ana Gomes granjeou a merecida fama que tem, ou que tinha porque insiste em desbaratá-la, como diplomata e como tal devia saber melhor que ninguém que a forma e o modo, na abordagem de um tema, são essenciais para se vencer. Ana Gomes pode ter a maior das razões na sua indignação, e eu até acho que tem, mas isso não basta. Se não souber passá-las para a opinião pública e continuar insistir neste discurso, ora intempestivo, ora zombeteiro, para dizer o menos, se continuar a insistir em não ser "diplomata", em não conseguir perceber o ambiente e a pressão de mediatismo que se vive neste momento, nada mais conseguirá do que desperdiçar munições, contribuindo para a imagem de um PS, que tal como os loucos do hospício, berram, berram e ninguém lhes liga nenhuma.
Enquanto a fórmula do "palerma" persistir, o governo continuará sem oposição credível e livre para fazer o que bem lhe aprouver com o aval da maioria da população, mesmo porque se o PS não é capaz de perceber algo tão simples como isto, apenas demonstra não ter capacidade para governar um país.

# escrito por Sem às 16:58 | Comentários[]

sexta-feira, outubro 10, 2003

Uma vez mais... 
... a culpa morre solteira. Até pode parecer que o POSTE que escrevi anteriormente era de alguém crente. Não era! Mas acontece que de vez em quando, para não cairmos numa descrença total sobre tudo o que nos rodeia, por paradoxal que pareça, é saudável "enganarmo-nos" à laia de aumentar os índices de optimismo e professar alguma fé no sistema para ver se contagia alguém.
Mas depois, de ler esta notícia, sou puxado bruscamente à realidade.
Portanto senhor PR, salvaguardando o respeito que é devido ao mais alto representante da nação e pedindo desde já as desculpas pelo desabafo, mas vá mas é pregar para o raio que o parta. Se não conhece ninguém corrupto ou de moral questionável, eu indico-lhe, pelo menos, 119 desses senhores que se sentam no parlamento, ia dizer todos os dias, vejam lá a asneira, e que rejeitaram a criação da comissão de inquérito à actuação dos ministérios da Ciência e do Ensino Superior e dos Negócios Estrangeiros.
# escrito por Sem às 11:07 | Comentários[]

quarta-feira, outubro 08, 2003

Depois do simpático poste... 
... do independenteeanonimo, apenas me apraz dizer como é agradável divisar a razão do ditado "É a falar que a gente se entende" ou neste caso fazendo os devidos ajustes vocabulares, "É a blogar que a gente se entende".
# escrito por Sem às 18:43 | Comentários[]

De consciência tranquila 
No espaço de 5 dias demitem-se de funções 2 ministros. Primeiro Pedro Lynce do Ensino Superior e ontem Martins da Cruz dos Negócios Estrangeiros, recaindo sobre ambos graves suspeitas de conluio numa ilegalidade destinada a favorecimentos de ordem pessoal.
Ambos, no momento de resignação do cargo rejeitaram qualquer culpa ou erro, reafirmando-se de consciência tranquila.
Se assim é, e pessoalmente prefiro acreditar nisso para não pôr em causa a honestidade e dignidade que é devida a quem é presumivelmente inocente, não podemos ficar por aqui, visto ser por demais evidente que algo de estranho e anormal se passou. A demissão dos ministros em nada contribui para o esclarecimento cabal dos acontecimentos, que cada vez mais se revestem de contornos nebulosos com as notícias vindas a público, vinculadas pelos órgãos de comunicação.
Numa altura em que o PR se vem insurgindo contra a ideia generalizada da população, que vê os políticos como indivíduos corruptos ou pelo menos de moral e princípios débeis, estes acontecimentos deitam por terra esse esforço.
Por outro lado e caso haja vontade, esta seria a altura ideal para num golpe de rins do PM, inverter esse juízo e de uma vez por todas moralizar a classe política resgatando-a do pântano em que parece atolada.
Crie-se uma comissão de inquérito parlamentar ou algo semelhante e apure-se a verdade. Caso contrário, para sempre ficará a mácula de suspeição sobre os dois ministros e sobre o país se enegrecerá ainda mais essa nódoa.
# escrito por Sem às 11:35 | Comentários[]

terça-feira, outubro 07, 2003

Alguém já experimentou? 
Nos caixas multibanco surgiu recentemente uma publicidade que diz:

    "MESMO SEM PAPEL, VAI PODER FAZER MAIS."

Eu pessoalmente prefiro não arriscar!
# escrito por Sem às 14:53 | Comentários[]

Sobre as propinas (II) 
O independenteeanonimo sentiu a necessidade de explicar melhor a sua concordância com o aumento do valor das propinas introduzido este ano lectivo, após ter recebido alguns postes mais críticos nomeadamente do DESCRÉDITO e também de MIM embora não como resposta ao seu poste.

De facto, tal como disse é uma questão de princípio. O independenteeanonimo entende que o financiamento da frequência no ensino superior deve ser comparticipado pelo aluno (embora não explicite até que ponto o que era importante saber) enquanto eu entendo que não. Atenção que em ambas as ideias falam-se de princípios. Realisticamente aceito tal não ser possível sem hipotecar outras áreas estratégicas possivelmente prioritárias como a saúde ou a segurança social para dar alguns exemplos, no entanto há que ter presente que se o nosso país não sofresse tanto de problemas 3º mundistas como má gestão e "informalidade" apenas para nomear alguns, poderíamos manter-nos mais próximos desse objectivo com sustentabilidade. E por ter esta ideia presente, insurjo-me quanto à medida adoptada, que serve não como estratégia temporária para colmatar problemas estruturais, mas como estratégia definitiva para o ensino superior.
Poderá argumentar-se que lá fora no estrangeiro nas grandes e famosas universidades também se pagam propinas. Não sei em que medida o fazem mas sei que se o aluno não puder pagar, o estado financia-lhes o curso e então regressamos novamente ao estado financiador. A excepção será para quem tem dinheiro mas, lá está, quem tem mais dinheiro também paga mais impostos, logo parece-me errado, por princípio, fazer este tipo de distinções, neste aspecto particular.
Poderão dizer-me que isto tudo é muito bonito mas a realidade é bem diferente e não funciona assim. Pois é, não funciona mas devia e era aí que se devia começar a mudar em vez de nos conformarmos e nos deixarmos levar pela corrente continuando a colocar remendo sobre remendo. De resto estou em acordo com independenteeanonimo. A investição devia ser incentivada, a aproximação das universidades às empresas devia ser uma realidade de modo a conseguir adaptar a oferta às necessidades reais da procura e assim facilitar a integração dos recém-formados no mercado de trabalho.

Para concluir, quero apenas deixar a ideia que não devíamos ver o ensino superior como um luxo que terá de ser pago, antes como um investimento contínuo do estado, determinante para o desenvolvimento e afirmação, não apenas do indivíduo, mas também do país. O nosso bem que precisa.
# escrito por Sem às 14:33 | Comentários[]

segunda-feira, outubro 06, 2003

A tradição ainda é o que era 
Quando os argentinos eram dados como favoritos, quando os espanhóis nos têm dado na cabeça nos últimos anos, quando os italianos se apresentam mais fortes que nunca, como é que Portugal sem Tó Neves saído da modalidade e sem Filipe Gaidão lesionado, se sagra campeão mundial de Hóquei em Patins pela 15º vez após um jejum de 10 anos?
É fácil! É que sempre que a competição se realizou no nosso país, Portugal foi campeão.

Afinal a tradição ainda é o que era.
# escrito por Sem às 13:38 | Comentários[]

Assim se fazem leis em Portugal! 

# escrito por Sem às 11:35 | Comentários[]

Sobre as propinas 
Não gosto do argumento sobranceiro que quem é favor do aumento do valor das propinas gosta de usar - "Para andarem em bares e discotecas a gastar dinheiro não têm problemas nenhuns, agora para pagarem a frequência no ensino superior, para aprenderem e serem alguém na vida, já acham que não pode ser!"
É um comentário fácil, e que lembra a história da "geração rasca" pois transpira um certo desprezo por aquilo que é, bem ou mal, parte da vida de muitos estudantes de hoje e por consequência daquilo que são como pessoas e como cidadãos.
Isso não interessa, nem sequer vem ao caso. É uma falácia comparar estes dinheiros e só tem como finalidade descredibilizar os alunos através de um comentário moralista e desviar o debate do que é importante - o modelo de financiamento do ensino superior.

Mas se quisermos fazer a vontade e pensar melhor nisso, então numa lógica de sociedade que me parece justa, acho coerente que aquilo que é "supérfluo" saia mais caro do que aquilo que é "essencial". O contrário, tornar o "essencial" caro porque o "supérfluo" o é, não faz qualquer sentido.
Portanto frequentar bares e discotecas, logicamente deve sair mais caro do que frequentar o ensino superior.
E se acham isto lógico, porquê comparar o dinheiro que se gasta em "noitadas" com o dinheiro que se gasta em "estudo", dando a impressão que é lícito o "estudo" ser mais caro porque é mais "nobre"?
Novamente, acho que este é um argumento ligeiramente xenófobo e completamente despropositado neste contexto.

Mas existe um segundo argumento mais pertinente e que importa discutir - supostamente, o aumento do valor das propinas é necessário para melhorar a qualidade do ensino proporcionado pelas universidades. Como é evidente concordo que o ensino deve ser melhorado, não concordo é com este método de financiamento complementar.
Primeiro porque vai contra aquilo que é, do meu ponto de vista, uma das obrigações do estado - provir um acesso à educação, senão gratuito, então o menos oneroso possível para o cidadão.
Segundo porque quem paga, são sempre os mesmos, isto é os que trabalham por conta de outrem sendo assim duplamente tributados.
Terceiro porque nas actuais circunstâncias esta é uma medida compensatória dos cortes feitos pelo governo no financiamento das universidades e consequentemente nos seus magros orçamentos.

Esta última, não é de admirar. Pena é que o estribilho do "Não há dinheiro" acabe realmente por entrar na cabeça das pessoas e fazê-las pensar que esta medida é a única que poderia ser tomada. Eu acho que não. Eu acho que há dinheiro, não há é vontade em mudar o estado de coisas e portanto faz-se, uma vez mais, o mais fácil que é aumentar as propinas. Eu pago impostos e portanto exijo que o estado, em serviços fundamentais como é a educação e como é também por exemplo a saúde, os proporcione aos cidadãos sem dificuldades. E a questão principal é esta, é de princípio, saber qual deve ser o papel do estado no ensino. Do meu ponto de vista, é o que referi e por isso tudo o que vai contra ele não colhe a minha simpatia. E infelizmente o que vem a acontecer é o estado querer cada vez mais abdicar deste papel e desta responsabilidade. Portugal sempre foi dos países europeus com mais fragilidades educativas e ao mesmo tempo dos que menos investe no ensino. Quando o natural seria ir contra esta tendência, prefere-se continuar na mesma linha.

Não podemos também esquecer que quem frequenta o ensino superior tem muito mais a pagar além das propinas. Quem vai estudar para fora tem que pagar quarto, muitas vezes mau e de preço exorbitante ou partilhar um apartamento, tem que pagar alimentação, tem que pagar fotocópias e livros técnicos que como se sabe são caríssimos.

E já agora eu pergunto-me que se a única solução para o melhoramento do ensino é a contribuição do aluno com propinas cada mais altas então quando é que se pára? Há uns dez anos a propina custava pouco mais de mil escudos, há uns três custava o ordenado mínimo e agora já vai em mais do dobro deste último. De que adianta às tantas conseguir ter um ensino de excelência se depois ninguém pode pagar por ele? Vai o estado financiar os alunos para pagarem as propinas????
# escrito por Sem às 11:05 | Comentários[]

sexta-feira, outubro 03, 2003

The Adventures of Sherlock Holmes 
Está à venda, desde a semana passada, uma edição especial em DVD d' "As Aventuras de Sherlock Holmes", a excelente série produzida durante a década de 80 pela Granada Television e protagonizada pelo inigualável Jeremy Brett, para mim, de longe, o melhor Sherlock Holmes de sempre.
Claro está, que corri até à FNAC para a comprar não tivesse sido eu um ávido leitor dos livros e um assíduo espectador da série na altura em que passou pela Televisão Portuguesa.

Esta edição é constituída por 5 DVDs e inclui os 13 episódios que constituem a parte 1 e 2 d' "As Aventuras de Sherlock Holmes", sendo assim de esperar a saída das restantes séries. Espero eu!!

I. The Adventures of Sherlock Holmes 1 (7 episódios)
II. The Adventures of Sherlock Holmes 2 (6 episódios)
III. The Return of Sherlock Holmes 1 (7 episódios + filme "Sign of Four")
IV. The Return of Sherlock Holmes 2 (4 episódios + filme "The Hound of the Baskervilles")

Quanto à qualidade de imagem, é-me impossível comentá-la nesta altura já que... não tenho leitor de DVDs!! De qualquer maneira este fim-de-semana quero ver se dou uma vista de olhos no leitor de alguém e depois digo qualquer coisa.
Ah, é verdade, custou-me 35 euros!
# escrito por Sem às 14:10 | Comentários[]