<$BlogRSDUrl$>
Sem Certezas
"A dúvida é o começo da sabedoria."

sexta-feira, setembro 19, 2003

Blague 
No "Dicionário Universal da Língua Portuguesa" da Texto Editora, um blague é uma:

    patranha, galga, peta, arola;
    falécia;
    piada;
    dito chistoso.

Haverá alguma relação entre este significado e o facto das palavras blogue e blague serem tão parecidas?
# escrito por Sem às 12:32 | Comentários[]

quinta-feira, setembro 18, 2003

Os novos vocábulos 
O fenómeno "Blog", em português "Blogue", tem dado, como toda a gente sabe, origem a novas palavras, contribuindo assim para o alargamento do nosso léxico, já de si bastante rico.
Começa por isso a fazer sentido, produzir um apanhado destes neologismos e criar uma referência que, quem sabe, poderá vir a ser útil na actualização de futuros dicionários da Língua Portuguesa.
Consolidam-se assim os significados dos novos vocábulos, contribui-se na formação do iniciante e ajuda-se o mais veterano, no sentido de lhe esclarecer dúvidas que possa ter e evitar que corrompa o significado da palavra, através da errada utilização da mesma.

Proponho-me então fazer uma primeira tentativa na criação desta referência, sendo claro que a contribuição de terceiros com palavras em falta, palavras novas, correcções e sugestões de melhoramento ou reformulação das palavras e seus significados, seria não só bem-vinda como essencial.
Para já, isto é o que há:

Blogador
    adj. - aquele que bloga bem e em quantidade.

Blogar
    v. - Postar.

Blogonauta
    s.m. - Blogueador;

Blogosfera
    s.f. - conjunto de todos os blogues existentes.

Blogue
    s.m. - Página acessível através de um endereço WWW e que contém um conjunto de postes que funcionam como uma espécie de diário. Tem origem na palavra inglesa "Blog" que é, por sua vez, o diminutivo da palavra "WebLog".

Blogueador
    s.m. - indivíduo que blogueia. Blogonauta.

Bloguear
    v. - acto de navegar por blogues.

Bloguista
    s.m. - indivíduo possuídor de um blogue.

Postar
    v. - acto de publicar um poste.

Poste
    s.m. - opinião, comentário, observação habitualmente sob a forma escrita e de teor abrangente: temas da actualidade, política, futebol, literatura, cinema até assuntos de índole mais pessoal. Este texto é colocado num servidor próprio para o efeito, que o publica tornando-o assim de domínio público, já que fica acessível para leitura na WWW.



Abreviaturas:
    adj. - adjectivo;
    f. - feminino;
    m. - masculino;
    s. - substantivo;
    v. - verbo;
# escrito por Sem às 18:12 | Comentários[]

quarta-feira, setembro 17, 2003

O défice 
Manuela Ferreira Leite (MFL) assinou ontem um artigo no jornal Público onde explica a importância que a manutenção do défice abaixo da barreira dos 3% tem para o futuro do pais.
Acentua assim a minha opinião, sobre o seu pensamento linear e desprovido de imaginação, que é visível nas medidas demasiado superficiais que toma. Não ataca o problema nas várias frentes mas somente numa, penso que por falta de visão mais do que falta de coragem, e as providências que toma são demasiado vulgares na medida em que são aquelas que ocorreriam a qualquer individuo sem grande experiência na matéria.

Ó o cidadão comum a pensar:
"Ora bem.. se o défice representa entre a diferença entre receitas e despesas e a intenção é diminuí-lo, há que aumentar as receitas e baixar as despesas. Sou mesmo bom, sim senhor! Mas como é que eu vou fazer isso? Já sei, tanto dinheiro gasto nisto do investimento público, vou cortar aqui e já agora dispenso estes malandros todos com contratos a prazo. São todos incompetentes e são! Bom, bom mas o que convinha era receber mais algum... Fácil, aumento os impostos! O quê? Já anda demasiada gente na rua e não convém? Oh diabo! Então é vender o que temos. Despachar aqui algumas empresas, vender ali umas quintazitas, deve dar para ir enganando as contas. Hem? E depois? Eh pá, logo se vê! Alguma coisa havemos de arranjar!"

Francamente, isto qualquer um faz. Há que exigir um bocado mais! E depois admirem-se em vermos o secretário de Estado do Orçamento admitir que a receita pública derrapou mais de dois mil milhões de euros até Agosto.

Não basta dizer que "O obstáculo ao desenvolvimento é a fraca competitividade da nossa economia" e afirmar que exportações e investimento privado vão resolver o problema. Isto são meios e convinha saber primeiro as razões senão, utilizando a metáfora de MFL, estaremos a paliar em vez de curar.
As razões toda a gente as sabe e ainda agora foi apresentado um estudo feito pelo McKinsey Global Institute (MGI) para o Ministério da Economia que aponta, entre outros, a economia paralela, leia-se fuga aos impostos, como o principal obstáculo ao desenvolvimento da economia portuguesa.
O que é que tem sido feito para combater eficazmente isto? Só intenções, algumas medidas avulsas para passar a imagem de governo empenhado no combate à evasão, mas nada de concreto capaz de mudar o que quer que seja!
MFL não fala de nada disto no seu artigo, não fala no excesso de burocracia, não fala da incompetência e provincianismo na gestão das nossas empresas, não fala sequer em produtividade sem a qual não existe competitividade.

Tem razão quando diz que a resolução do problema implica reformas estruturais que demoram tempo a fazer-se sentir. O problema é que as reformas necessárias são maiores e mais profundas do que aquilo que parece pensar. A fazer-se sentir alguma coisa, será devida à melhoria da conjuntura económica e não da melhoria proporcionada por esta reforma estrutural.

É verdade quando diz que "Se essas receitas forem obtidas por valores de venda adequados ou resultarem de operações transparentes, só podem ser bem-vindas." mas verifica-se que isso é o contrário do que tem acontecido.

Tenho dúvidas quando diz que "Portugal passou, no espaço de um ano, de país criticado a país elogiado", quando a UE continua a manter-nos na lista negra de países incumpridores. A Europa não se deixa enganar tão facilmente! Durante muitos anos vamos continuar a ser vistos como os 3º mundistas da UE. E provavelmente com razão!
# escrito por Sem às 15:18 | Comentários[]

terça-feira, setembro 16, 2003

"Ken Park" 
Fui ontem ver o filme "Ken Park" levado pela curiosidade e críticas controversas que parece criar à sua volta.
Não gostei e parece-me um claro exagero ir-se ao ponto de achar que "Ken Park" "afirma-se como um dos filmes nucleares de todo o cinema que o século XXI já produziu".
A temática do filme não é nova mas também não ia a contar com isso, já que é cada vez mais complicado arranjar temas simultâneamente novos e de caracteristicas cinematográficas, acabando por cair-se em personagens e situações que já todos vimos retratados de uma maneira ou de outra. Neste filme isso está claro, mas para não se ser acusado disso mesmo carrega-se ainda mais na caricatura, senão vejamos. Há:

- O rapaz que engravida a namorada e resolve dar um tiro na cabeça por isso.
- O namorado que entra em casa da namorada com o intento não de se encontrar com ela, mas com a sua mãe.
- O fanático religioso afectado psicologicamente pela morte da mulher, que vendo na filha os mesmos traços, acaba por ter com esta uma relação doentia.
- A filha que afectada por essa pressão psicológica, encontra prazer em relações sexuais sádicas.
- O parasita da sociedade, sem objectivos, incapaz de manter um emprego e que por isso passa os dias em casa a ver televisão, a beber cerveja, a levantar pesos no quintal das traseiras e a demonstrar o seu desprezo e nojo pelo filho fraco com tendências homossexuais, sendo claro, que é ele quem as tem e leva a cabo no próprio filho.
- Finalmente a personagem mais rebuscada de todas e ainda assim a cair na banalidade - o neto que vive com um avô que o aldrabra a jogar Scrabble e uma avó que não respeita a sua privacidade entrando no seu quarto sem bater à porta. O rapaz entretém-se assim a insultá-los (acabando por os matar) e a masturbar-se enquanto se auto-asfixia com uma corda que coloca à volta do pescoço ao mesmo tempo que ouve na televisão um jogo de ténis com jogadoras tipo "Mónica Seles".

Não tenho nada contra personagens e situações excessivas, pelo contrário, mas é preciso saber que nem sempre são úteis a determinado objectivo e aqui há claramente um excesso que é desperdiçado.
Todas estas personagens têm em comum o ambiente excessivamente amoral e doentio em que vivem e o comportamento sexual desviante, este último presente do princípio ao fim do filme e que acaba por ter um peso demasiado grande, a não ser é claro que a intenção fosse mesmo essa: a perturbação mais pelo actos do que propriamente pela razão que leva a eles.
É portanto na forma mais do que no conteúdo, embora coadjuvado e sustentado por ele, que o realizador tenta ser diferente ao entrar num excesso realista, sem pudores, pornográfico mesmo, que francamente não era necessário.
Mesmo porque não existe mais história, além da exposição do que já foi descrito.
Pode dizer-se que é uma crítica a uma certa sociedade americana, que expõe a falta de ideais e princípios morais que norteiam os jovens de hoje, a hipocrisia entre o que se apregoa e o que se faz, as tragédias que ocorrem entre-paredes longe dos olhares da sociedade, mas muito sinceramente isto tudo já sabemos e não basta para fazer um bom filme.
Expôr simplesmente isto sem apresentar razões para o que quer que seja e deixar-nos a nós reflectir sobre o assunto, resulta muitas vezes bem.
Aqui não funcionou. Não fez reflectir em nada em especial, apenas deixou o desejo de ter ido ver outra coisa.
# escrito por Sem às 15:33 | Comentários[]

segunda-feira, setembro 15, 2003

"Geração Delivery" 
Esta história da falta de certezas, lembra-me um artigo que guardei (não é meu hábito fazê-lo) e do qual transcrevo um dos parágrafos, julgo que também transcrito pela autora. Só para contextualizar, disserta sobre a educação e a sua influência na formação do indivíduo.
Aqui vai para vossa reflexão:

"Há quem pense que se está a criar o homem "light", um homem descomprometido com posições, ideologias e papéis sociais, para quem tudo pode ser e tudo vale. "(...)Trata-se de um homem relativamente bem informado, mas de escassa educação humanista, muito votado ao pragmatismo, por um lado, e a vários assuntos, por outro. Tudo lhe interessa, mas de forma superficial; não é capaz de fazer uma síntese daquilo que percebe e, como consequência, se converte numa pessoa trivial, superficial, frívola, que aceita tudo, mas que carece de critérios sólidos em sua conduta. Tudo nele se torna etéreo, leve, banal, volátil, permissivo" ("O Homem Moderno - A Luta contra o vazio", 1996, edit.São Paulo: Mandarim)"

Geração "Delivery"
Por DULCE NETO
In Público
# escrito por Sem às 12:33 | Comentários[]

Novo "Layout" 
Não resisti e fiz um layout de raiz para o blogue.
No Explorer 5 está bem. Espero que tb esteja nos restantes...

# escrito por Sem às 11:24 | Comentários[]

sexta-feira, setembro 12, 2003

Sobre o Sem Certezas (II) 
Li há uns anos atrás uma entrevista feita a Carlos Tê. Confidenciava que o facto de ter estudado filosofia, lhe fez abrir os horizontes e isso era mau para quem gostava de ter certezas. Revi-me na ideia da incerteza e não esqueci.
Prova disso, é o título deste blogue que vem ao encontro desse sentir, pois de facto, nos dias de hoje, é difícil ter certezas sobre muita coisa.
Somos confrontados continuamente com diferentes versões e opiniões sobre a mesma história.
Temos os EUA vs Europa, Ocidente vs Mundo Árabe, Israel vs Palestina, Direita vs Esquerda, Governos vs Sindicatos, Patrões vs Trabalhadores, etc, cada um com as suas certezas por vezes e infelizmente levadas ao extremo.
No entanto, o ser capaz de compreender os motivos das várias partes em confronto, faz a argumentação em defesa de uma delas pela qual se sente inclinação, estar minada à partida e acabar por fraquejar. Falta-lhe a convicção e o empenho necessários para vingar! Falta-lhe a força que é dada pela certeza absoluta das coisas!
Complicado!
Mas felizmente que no dia-a-dia se verifica o contrário. Toda a gente tem sempre certeza sobre tudo, aliás, à semelhança do nosso saudoso 1º ministro, que raramente tinha dúvidas e nunca se enganava!

Este blogue opõe-se e reafirma-se... Sem Certezas!
# escrito por Sem às 18:15 | Comentários[]

Sobre o Sem Certezas 
Ao contrário do que possam ser levados a pensar pelo primeiro post, este não é um blogue de contos para crianças!
É, ou será, espero eu, um espaço onde irei colocando comentários, observações sobre tudo e sobre nada em especial.
Tratarei de apanhar várias ideias soltas pelos recantos da memória e colocá-las no papel. Isto permitirá organizá-las, relacioná-las, torná-las mais concretas, mais definidas... enfim, quem sabe deixarão de ser incertezas para passar a ser certezas!
# escrito por Sem às 15:25 | Comentários[]

quinta-feira, setembro 11, 2003

O acordar 
O bichinho da escrita, dorme...
Mas não, desde há algum tempo, tão sossegada/ como antes.
Pressente no seu sono uma outra realidade que lhe chega suavemente através de sons e luzes.
De facto, fechado no seu casulo, a anterior escuridão tem dado lugar a uma luminosidade difusa, baça, amarelada, entrecortada aqui e ali por feixes de luz que lhe ferem os olhos, sempre que se tenta acomodar para melhor dormir.
A luz vai-o despertando até que se apercebe que os sons que ouve são vozes. Vozes de outros bichinhos da escrita que despertaram.
Suaves umas, agressivas outras, todas tentam fazer-se ouvir, dialogar, aprender, discutir, provocar, mostrar que existem, que têm ideias, que têm algo para oferecer.
O bichinho da escrita sente-se incomodado. Estava confortável na aconchego do seu casulo, mas agora sente que este já não é tão agradável quanto antes.
O espaço tornou-se pequeno, claustrofóbico, abafado, é necessário furar aquela zona ali em que os fios do casulo são mais ténues para deixar o ar fluir e torná-lo mais límpido e fresco, poder respirar fundo, espreitar para fora e então também... fazer-se ouvir, dialogar, aprender, provocar, mostrar que existe, que tem ideias, que tem algo para oferecer.
# escrito por Sem às 14:08 | Comentários[]